A Polícia Civil continua ouvindo testemunhas no inquérito que apura a morte do índio Vítor Braz de Souza, baleado no final da noite de domingo (13) após uma discussão por causa do som alto de uma festa. O crime ocorreu em uma casa localizada às margens na BR-367, na Ponta Grande, próximo à aldeia Novos Guerreiros, onde a vítima morava.
Uma das testemunhas contou em depoimento que o volume do som da festa estava tão alto que chegava até a aldeia, incomodando muita gente, especialmente crianças e idosos, que não conseguiam dormir. Vítor ficou especialmente incomodado porque na residência dele havia a esposa, que estava em resguardo, e um bebê de apenas dois meses.
Por volta das 22h, ele reuniu um grupo pessoas da aldeia e foi até o local da festa. Chegando lá, uma mulher, que seria organizadora da festa, disse ao grupo que o evento tinha alvará para sua realização e que o valor do ingresso era R$ 30,00.
REGULAMENTO DA ALDEIA – Segundo a testemunha, o grupo informou à mulher que o imóvel onde acontecia a festa ficava em área indígena e que o som estava muito alto, prejudicando o sossego de toda aldeia. Ela também foi avisada que, conforme o regulamento da aldeia, é permitido som até as 22h, em volume que não incomode terceiros.
A organizadora queria que a festa continuasse até a meia-noite, o que não foi aceito pelo grupo de índios. Foi combinado, então, que o evento se encerraria às 23h. Apesar de contrariada, ela abaixou um pouco o volume, mas como o som continuava se propagando até a aldeia, os indígenas retornaram ao local do evento por volta das 23h20. Novamente foram atendidos pelo segurança e pela organizadora.
AGRESSÃO – Os pataxós solicitaram que a festa fosse encerrada imediatamente, pois já havia passado das 23h. Quando o grupo viu que o pedido foi atendido, começou a deixar o local. Vítor seguia alguns metros atrás, conversando com a organizadora e com dois homens, quando um deles desferiu um tapa no pescoço da vítima. Vítor e o agressor entraram em luta corporal no chão e, em um dado momento, o jovem indígena foi baleado.
Em depoimento, a testemunha disse não se lembrar se o agressor disparou mais tiros contra a vítima. Logo após o disparo, o atirador saiu caminhando normalmente em direção à festa. O jovem pataxó foi socorrido por lideranças indígenas e levado para o Hospital Luís Eduardo Magalhães, onde acabou morrendo.
ENTERRO – O corpo de Vítor foi velado na aldeia Novos Guerreiros, onde ele era muito querido e considerado uma liderança estudantil. Antes do enterro, ocorrido no final da tarde desta segunda-feira no cemitério indígena de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, foi realizado um ritual indígena na aldeia.
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