O imbróglio envolvendo a participação ou não de Eunápolis no rateio dos municípios participantes da Policlínica Regional ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (19), quando o prefeito de Santa Cruz Cabrália, Agnelo Santos (PSD), esclareceu, em vídeo, alguns pontos que estão gerando polêmica, especialmente com relação à presidência do Consórcio Interfederativo de Saúde Costa do Descobrimento, responsável pela gestão da unidade de saúde, prevista para ser inaugurada nos próximos dias em Eunápolis.
O prefeito de Cabrália, que preside o consórcio, aproveitou para deixar claro que “a policlínica não é de Eunápolis, ela é regional e pertence aos oito municípios da região Costa do Descobrimento”.
De acordo com Agnelo, fala-se muito que, por Eunápolis sediar a policlínica e ter maior população que Cabrália, a presidente do consórcio deveria ser a prefeita Cordélia Torres. “Não tem nada a ver isso. Quem determina é a assembleia que elege o conselho”, explicou, citando dois exemplos de regiões onde as policlínicas são presididas por prefeitos de municípios menores que a sede: a de Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, cujo presidente é de Pintadas, com 11 mil habitantes; e de Teixeira de Freitas, com quase 200 mil habitantes, presidida pelo prefeito de Caravelas, Sílvio Ramalho. “Então, não é fator preponderante o presidente do Consórcio ser da localidade em que a policlínica está situada”, acrescentou.
Agnelo disse ainda que a assembleia que o elegeu presidente do consórcio para o biênio 2021/2022 foi realizada dentro da maior legalidade, moralidade e publicidade, inclusive com participação do representante do Estado, Nelson Portela, coordenador de todas as policlínicas.
No vídeo, Agnelo também explicou que o município de Eunápolis foi escolhido para sediar a policlínica por conta de sua localização geográfica: às margens da BR-101 e com todas as outras cidades dentro de um raio de até 100 km de distância.
Ele confirmou a inauguração da policlínica para o dia 14 de maio, conforme anunciado pelo governador Rui Costa.
PREFEITA DESAUTORIZA LÍDER DO GOVERNO NA CÂMARA
Eunápolis já integra o conselho da policlínica desde 2017. No entanto, para que a população possa utilizar os serviços oferecidos, é preciso que o município participe do rateio de despesas entre as demais cidades e o governo do Estado. Em entrevista a uma rádio local, na sexta-feira passada (16), a prefeita Cordélia Torres confirmou que, por enquanto, Eunápolis não irá participar desse rateio, desmentindo o que havia dito o vereador Adriano Cardoso, líder do governo na Câmara Municipal, segundo o qual a gestora estaria disposta a aderir à policlínica.
Ao justificar a decisão, a prefeita explicou que Eunápolis iria arcar com um valor anual de quase R$ 2 milhões para contar com os mesmos serviços de saúde oferecidos atualmente pelo município. Além disso, segundo ela, atualmente o município oferece maior número de exames – média de 200 por mês – do que seria disponibilizado pela policlínica – 92 exames mensais.
Durante a transmissão ao vivo pela rádio, Cordélia desautorizou, de forma dura, o líder de governo a falar por ela, afirmando que não era muda. “Faltou conhecimento por parte do vereador. Essa fala é dele, não é minha. Ele não fala como meu líder. Não autorizei ele falar por mim. Estou me pronunciando com relação à policlínica. O resto é resto”, criticou.
DESMENTINDO O PRÓPRIO MARIDO
A prefeita também desmentiu o marido dela, Paulo Dapé, que na semana passada havia dito que o motivo para a não adesão ao rateio seria o fato de Cordélia não ter sido eleita presidente do consórcio. Ela negou a pretensão de presidir o consórcio, ressaltando que a decisão de não participar do rateio dos municípios tem “caráter técnico, racional e visa direcionar melhor os recursos que serão investidos exclusivamente para os cidadãos e contribuintes eunapolitanos”.
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